-"Já adianto, o morro hoje tem um guardião, e só entra que tem a chave do grande portão de ferro, mas claro se conseguir chegar até lá sem um guia."
Tudo começou em 1963, quando chegou em Rio Verde de MT o Frei Cristóvão Pirolli, professou em 06/01/1938, quando recebeu o nome religioso de frei Cristóvão de Vacaria.
Encantado com os enigmas da natureza, passou a dedicar-se à contemplação, onde sempre percorria as fazendas da região, evangelizando e levando a palavra de Deus, quando em um casamento que realizava na fazenda Girassol, interior de Mato Grosso do Sul em 1968, (na época se chamava Fazenda Castelo), avistou seu grande sonho bem ao lado, o Morro Castelo, até então inacessível.
O proprietário da fazenda plantou a semente:
- "Se você subir no topo dele, o morro é seu!"
Pois bem, o frei passou 3 dias e 3 noites bolando planos de como subir esse o morro, convenhamos que em 1968 eram tempos bem diferentes, chegou até sobrevoar de avião com um piloto chamado Ariovaldo Pereira.
E lá começou seu grande e corajoso trabalho manual, que levou cerca de 3 anos para ser concluído. Ele fazia buracos profundos na rocha, colocava trilho de trem e entrelaçava com arame e madeira, ali começavam a surgir os primeiros degraus de uma escadaria suspensa, bem medonha pra quem tem problemas com altura, mas onde toda a estrutura que tem em cima do morro passou por ali, digo tudo, caixas d'água, telhas, madeiramento, mantimentos, ferramentas, etc.
Até 2000, ele passava temporadas em oração lá em cima, penitência, jejum e contemplação. Sobre este local, foi escrita a obra Silêncio de Deus: castelo Morro do Padre. Em 1994, publicou o livro "Vós, sim, que me amais", onde desenvolve o tema: "a língua de Deus é o silêncio". Frei Cristóvão sempre trabalhou na pastoral com muito zelo e dedicação. Foi muito solícito e carinhoso no atendimento aos doentes e necessitados, insistindo sempre na prática da oração e na devoção mariana. Era desprendido, pobre, e simples. Sempre se empenhou em seguir São Francisco de Assis de forma radical.
Lá em cima tem uma estrutura incrível, capela, dormitórios, sistema de captação d'água. Claro que o frei teve ajudantes com ele, João Currupita ajudou logo nos primeiros degraus, e também o Nailton, que ajudou nos degraus mais recentes de concreto já acima dos degraus suspenso.
Hoje ainda o acesso é extremamente difícil, realmente só chega com quem conhece, o caminho fica dentro de uma grande fazenda, mas tem uma trilha com a mata bem fechada que quase não passa um carro, ah, e é bom ser carro alto, pois tem de atravessar um rio se você preferir poupar energia pra subida e não quiser andar muito de apé até chegar no pé do morro.
Confira um pouco mais como foi essa aventura!
